O Governo de Roraima vem fortalecendo cada vez mais o cuidado e a prestação do serviço de saúde aos povos originários. As mudanças no fluxo de atendimento das unidades de referência da Rede Estadual de Saúde proporcionaram absorver uma demanda crescente.
Com a criação do Núcleo de Saúde Indígena, a Sesau (Secretaria de Saúde) conseguiu dar uma nova dinâmica aos atendimentos que são realizados no Hospital das Clínicas Dr. Wilson Franco Rodrigues e Pronto Atendimento Cosme e Silva, ambas situadas na zona Oeste de Boa Vista.
No caso do HC, unidade que oferece atendimentos de clínica médica por meio de leitos de retaguarda, os indígenas contam com ambientes que respeitam as tradições, independentemente do país de origem. São atendidos indígenas da Venezuela, por exemplo.
“Nós temos o redário, uma alimentação diferenciada voltada para a cultura indígena, temos também a identificação no leito específico com as figuras representando sua etnia”, explicou a enfermeira e coordenadora do Núcleo, Beatriz Gonçalves.
Em 2023, o HC recebeu 314 pacientes indígenas oriundos do Hospital Geral de Roraima e Pronto Atendimento Cosme e Silva; enquanto em 2024, até o dia 15 de abril, foram admitidos 118 pacientes.
“Todo o nosso trabalho é voltado para a cultura desses pacientes, tentando viabilizar [ao máximo] toda uma preocupação com a internação, respeitando suas culturas”, reforçou.
Indígena da etnia Macuxi, Arrison Raposo, de 34 anos, veio da comunidade Raposa Serra do Sol em razão de uma suspeita de Hepatite B, com quadro de febre. Ele avaliou o atendimento recebido pela equipe multiprofissional do HC como importante para a sua recuperação.
“Eu pedi o apoio do pessoal da Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena do Governo Federal] na minha comunidade. Fui para Normandia e depois me transferiram para Boa Vista. O atendimento aqui [no HC] é excelente, e estou sendo bem tratado, graças a Deus”, ressaltou.
A poucos metros do HC, o Pronto Atendimento Cosme e Silva é responsável por prestar serviços de urgência e emergência médica. Só em 2023, a unidade contabilizou 3.727 atendimentos a pacientes indígenas, entre aldeados e não aldeados; e 1.092 atendimentos de 1º de janeiro até o dia 15 de abril de 2024.
No Cosme e Silva o paciente indígena é atendido, estabilizado, alimentado e em seguida é transferido para a Casai onde segue o tratamento.
As Doulas são mulheres experientes no parto e que proporcionam conforto emocional durante o nascimento do bebê. Por essa importância no processo de nascimento de uma criança, o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth abriu nesta quarta-feira, 17, as inscrições de voluntárias para o programa Doulas Amigas. Serão disponibilizadas seis vagas.
A iniciativa está preconizada na Lei n° 1.009/2015, que permite a presença da doula e do acompanhante, mediante solicitação da mãe, durante a assistência pré-natal, nos hospitais e maternidades públicas ou privadas.
“As doulas nada mais são do que mulheres experientes em parto, proporcionando suporte físico e emocional [para as pacientes], além de oferecer informações de forma continuada às mães antes, durante e logo após o nascimento”, explicou a diretora do Departamento de Ensino, Pesquisa e Divulgação do HMI, Raissa Sampaio.
COMO PROCEDER?
Para se inscrever, a interessada deve entrar em contato no WhatsApp (95) 98416-5828, e enviar cópia do RG, CPF, comprovante de residência, cartão de vacina atualizado, seguro de vida e o certificado de formação em doula.
“Essa documentação passará por análise, e após isso elas irão ingressar na unidade, passarão por capacitação sobre normas de biossegurança e segurança do paciente, e orientações sobre as suas funções por meio do manual Doulas Amigas”, completou.
As voluntárias serão alocadas na Ala das Orquídeas, local que abriga o bloco de parto normal, distribuídas entre os turnos matutino, vespertino e noturno.
Raissa ressaltou ainda que a inserção de doulas no cenário da humanização do parto tende a deixar o parto mais natural, com estratégias não farmacológicas para o manejo da dor, evitando o uso de analgésicos e da cesariana eletiva, a fim de evitar expor a mulher e o bebê à riscos.
Nesta terça-feira, 16, é celebrado o Dia Mundial e Nacional da Voz, data que tem como finalidade orientar sobre a importância da identificação dos sinais e sintomas de doenças que comprometem o aparelho fonador, como o câncer de laringe.
No Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento, principal referência no atendimento de urgência e emergência do Estado, o setor de fonoaudiologia é responsável por trabalhar a reabilitação de pacientes que passaram por cirurgias delicadas na região da cabeça e pescoço.
Diariamente, os profissionais que atuam na unidade realizam uma série de exercícios para ajudar no estabelecimento da voz, conforme ressalta a coordenadora do setor, Manoela Gomes.
“Rouquidão, pigarro, sensação de bolo na garganta ou até mesmo afonia, que é a ausência da voz. Esses são sintomas bem comuns nesses pacientes que foram submetidos a um procedimento invasivo na região de cabeça e pescoço”, disse.
O setor tem especialistas em fonoaudiologia que se dividem em turnos, atendendo as Unidade de Terapia Intensiva e enfermarias de todo o complexo hospitalar do HGR.
Segundo Manoela, as demandas vão de pacientes com dificuldades para deglutir e falar, a pessoas que acabaram sendo submetidas a procedimentos delicados, como a intubação.
“A voz é mais do que apenas um canal de comunicação, ela é a expressão da própria identidade, transmitindo nossos sentimentos, emoções, ideias e a própria interação com o meio”, ressaltou.
Para a especialista, manter uma alimentação saudável, boa hidratação e evitar os excessos com o fumo e as bebidas alcoólicas ajudam a evitar os problemas que mais prejudicam o ato da fala, como a rouquidão persistente.
“Se a pessoa precisar falar por um longo tempo, é preciso realizar antes um aquecimento vocal para o preparo da musculatura, dormir bem e se continuar os sintomas deve-se procurar um fonoaudiólogo”, pontuou.
ATENÇÃO AO PACIENTE ONCOLÓGICO
Outro setor que também conta com a presença de especialistas da fonoaudiologia é Unidade de Alta Complexidade em Oncologia de Roraima, voltada para pacientes oncológicos que passaram por cirurgias nas cordas vocais ou laringe.
Segundo a fonoaudióloga do setor, Fernanda Ross, as duas cirurgias que são mais comuns em pacientes que tiveram câncer de cabeça pescoço são a laringectomia total, em que é necessário a retirada da laringe [onde ficam as cordas vocais], e também a tireoidectomia [remoção cirúrgica da glândula da tireoide].
“A reabilitação vocal acontece muito frequentemente nesses casos e aí existem algumas possibilidades de reabilitação, nós realizamos exercícios, realizamos manipulação, mexemos nessa região do pescoço com as mãos, exercícios vocais para reabilitar e favorecer a comunicação”, disse.
Técnica de enfermagem do Ponto Atendimento Cosme e Silva, Eloilda Ferreira, de 57 anos, foi acometida em 2023 por um Carcinoma Papilífero, um dos cânceres mais comuns na região da tireoide.
Após passar por cirurgia, ela precisou do serviço de fonoaudiologia da unidade, obtendo bons resultados desde então.
“Depois da cirurgia eu fiquei sem voz, achava que não ia mais falar, me senti muito arrasada, mas logo coloquei Deus na frente de todos e de toda a situação. Foi quando procurei o serviço da Fono da Unacon-RR, que fez um brilhante acompanhamento e tive resposta positiva da minha voz”, salientou a paciente.
Além do trabalho de reabilitação, a Unacon-RR também adota outras estratégias para devolver a voz para os pacientes oncológicos, como a utilização de dispositivo de Laringe Eletrônica, disponibilizado pelo Estado.
Trata-se de um equipamento portátil que possibilita a emissão de uma onda sonora contínua, formando palavras através dos órgãos articuladores como lábios, língua e dentes.
“[O aparelho] serve para reabilitar esses pacientes que fizeram a laringectomia total e se adaptam a esse novo método, essa nova voz. Então, é um processo terapêutico que favorece a comunicação”, complementou Fernanda Ross.
O Hemoraima (Centro de Hemoterapia e Hematologia de Roraima) conclama novamente o comparecimento de doadores voluntários de fatores Rh negativos. O motivo é o baixo estoque existente hoje e a alta demanda de fornecimento de sangue para hospitais públicos e privados.
Conforme a assistente social do Setor de Captação de Doadores, Hellen Bessa, a unidade encontra-se atualmente com baixo estoque de bolsas de sangue A-, B-, AB- e O-.
“A doação de sangue é um ato altruísta, e quando você doa [sangue], você está mostrando empatia pelo outro e que se importa pelo outro”, destacou.
Para ser um doador de sangue é preciso se encaixar em alguns critérios como, ter entre 16 e 69 anos de idade, pesar no mínimo 50 quilos, estar alimentado e ter dormido pelo menos seis horas na noite anterior.
No momento da doação, é necessário apresentar um documento oficial com foto. Caso o interessado seja menor de 18 anos, o mesmo deve estar acompanhado pelos pais ou de seu responsável legal.
Ao se encaixar nesses critérios, a pessoa é cadastrada na recepção e encaminhada para uma entrevista na sala de triagem. Não havendo nenhum impedimento, segue para a sala de coleta onde é feita a doação, que dura no máximo 10 minutos.
Hellen reforça ainda que com uma única doação, é possível salvar até quatro pessoas. “Vamos fazer com que essa corrente do bem fique mais fortalecida, a ponto de estabelecer um estoque adequado [de sangue] para continuar a salvar a vida das pessoas que estão nas unidades hospitalares”, completou.
ONDE ESTAMOS?
O Hemoraima está localizado na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, 3418, bairro Aeroporto, ao lado do HGR. O horário de funcionamento da unidade é de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30.
Outras informações podem ser obtidas por meio do número (95) 98404-9593.
Responsável por atender as demandas dos 15 municípios do Estado, o Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth é hoje uma das unidades de maior excelência no cuidado com pacientes indígena.
Só em 2023, por exemplo, a unidade admitiu 2.621 gestantes oriundas de comunidades assistidas pelo Dsei-l (Distrito Sanitário Especial Indígena do Leste) e Dsei-Y (Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami).
Graças à implantação da Assistência em Saúde aos Povos Originários, o Governo de Roraima, por meio da Sesau (Secretaria de Saúde), tem realizado uma série de ajustes para melhorar o atendimento a esse público, respeitando os costumes de cada etnia.
Além de garantir alimentação diferenciada, a unidade conta hoje com o suporte de redários (redes), fazendo com que as pacientes se sintam mais perto das tradições indígenas.
“Nós realizamos o acolhimento das pacientes gestantes que vêm de comunidades [indígenas] e a nossa unidade é diferenciada das demais, justamente por fornecer o redário para aquelas que têm o desejo de ficar em rede, alimentação diferenciada e a disponibilização da medicina tradicional quando solicitada por uma delas”, ressaltou o coordenador Atenção Indígena da Maternidade, Aharon Macuxi.
É importante lembrar ainda que além de as mulheres dos Dsei’s, a Maternidade também é responsável por realizar atendimento de forma espontânea, onde a paciente chega direto da comunidade sem o assessoramento de entidade ligada à causa indígena.