O CRSM (Centro de Referência em Saúde da Mulher Maria Luiza Castro Perin), unidade vinculada à Sesau (Secretaria de Saúde), implantou um novo fluxo de agendamento de retorno para facilitar o acesso das pacientes aos serviços da unidade.
Agora, as consultas no CRSM podem ser solicitadas diretamente pelo WhatsApp (95) 984102664. A medida busca reduzir deslocamentos desnecessários das pacientes, especialmente de quem mora em bairros mais distantes ou em municípios do interior.
“As pacientes do Centro de Referência que já possuem prontuário aberto aqui conosco podem fazer o seu agendamento de consulta via WhatsApp. Essas agendas abrem a cada quinzena”, explicou a diretora geral do Centro, Taynah Almeida.
Com o novo sistema, a paciente envia uma mensagem para o WhatsApp do Centro anexando foto do Cartão do SUS. A equipe faz a inserção no SISREG (Sistema de Regulação) e informa o código da solicitação ou com a data da consulta, se houver vaga disponível.
Nos casos de consultas como pré-natal e pediatria, que abrem quinzenalmente, as pacientes são orientadas a entrar em contato na semana seguinte caso ainda não haja disponibilidade.
Outro ponto reforçado pela gestão é a necessidade de manter os dados do Cartão do SUS atualizados, principalmente o número de telefone.
Essa atualização é fundamental para que os comunicados cheguem corretamente às pacientes, garantindo que nenhuma pessoa perca a consulta por falhas de contato.
O Setembro Cinza é uma campanha nacional dedicada à conscientização sobre doenças neurológicas. Em Roraima, a Sesau (Secretaria de Saúde) destaca a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e dos hábitos saudáveis como forma de proteger o cérebro e o sistema nervoso, reduzindo riscos de complicações graves.
A iniciativa chama a atenção para um conjunto de doenças neurológicas que impactam diretamente a qualidade de vida, como o AVC (Acidente Vascular Cerebral), epilepsia, Alzheimer, tumores cerebrais e outras condições que exigem diagnóstico precoce e acompanhamento contínuo.
“O Setembro Cinza foi criado inicialmente para falar sobre as doenças cerebrais. Numa fase mais inicial, falaram-se inicialmente ao aneurisma cerebrais, mas eu gostaria de estender para todas as doenças neurológicas. É importante a população saber que existem doenças neurológicas cirúrgicas e doenças neurológicas que o tratamento é clínico, ou seja, com medicações", afirmou o neurocirurgião, Dr. Herison Vaz.
Ele ressalta ainda sobre os sinais que não devem ser ignorados e que podem indicar problemas neurológicos mais sérios, já que muitas vezes sintomas são subestimados ou confundidos com problemas do dia a dia.
“Os sintomas principais que a população deveria ter em mente são a cefaleia refratária [dor de cabeça resistente a tratamentos], a dor de cabeça que acontece principalmente noturno ou já ao acordar, a dor iniciada na vida adulta ou na velhice, sinais de fraqueza no corpo, fala arrastada, alteração de personalidade e irritabilidade, principalmente em crianças”, explicou o especialista.
A identificação precoce é fundamental para garantir um tratamento mais eficaz e com menor risco de sequelas. No caso dos aneurismas, por exemplo, a diferença entre descobrir antes da ruptura e depois dela é determinante.
“Quando se descobre um aneurisma não rompido, a cirurgia é tecnicamente mais fácil do que em um aneurisma já rompido. A hemorragia subaracnóidea [sangramento que ocorre ao redor do cérebro] é uma situação grave, que requer cuidados intensivos em UTI e tratamento adequado", destacou Vaz.
Além do tratamento, ele reforça ainda que cuidar da saúde neurológica não depende apenas de procedimentos médicos, mas principalmente da prevenção no dia a dia.
“Em relação à saúde neurológica do sistema nervoso, é tratar realmente conforme tratamos a saúde de forma geral. Exercício físico, ingestão adequada de líquidos, combate à obesidade, tratamento das doenças crônico-degenerativas, no caso da hipertensão arterial sistêmica e diabetes", completou.
AVANÇOS NA SAÚDE
Nos últimos anos, o HGR (Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento) e o HMI (Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth) ampliaram os métodos de diagnóstico e tratamento de doenças neurológicas.
Entre os avanços estão procedimentos como a clipagem de aneurismas, cirurgia aberta em que se coloca um clipe metálico na base do aneurisma para impedir a ruptura; a embolização, tratamento minimamente invasivo feito por cateter, que bloqueia o fluxo sanguíneo dentro do aneurisma; e técnicas de lavagem ventricular ou derivação ventricular externa, usadas em casos de hemorragia subaracnóidea [sangramento ao redor do cérebro] para reduzir a pressão intracraniana e proteger o desenvolvimento cognitivo, especialmente em crianças.
“Um estudo comparou crianças de dois anos que tiveram sangramento cerebral e mostrou que aquelas tratadas com lavagem ventricular tiveram menor impacto cognitivo do que as tratadas com derivação ventricular externa [um dreno provisório colocado para retirar líquido do cérebro", ressaltou Vaz.
O neurocirurgião Dr. Márcio Tiago de Oliveira Barbosa destacou também que, equipamentos modernos que estão disponíveis no HGR e no HMI têm transformado o cenário de Roraima. A partir desses investimentos, a rede estadual realiza procedimentos complexos que antes precisavam ser encaminhados para outros estados, garantindo mais acesso e qualidade no tratamento da população de Roraima.
“Podemos citar o microscópio neurocirúrgico, o neuronavegador, os neuroendoscópios e os arcos cirúrgicos mais modernos. Esses equipamentos são essenciais para tratar as mais variadas doenças do sistema nervoso central e colaboram para o grande avanço da saúde no estado. Graças a eles, já realizamos procedimentos complexos como as cirurgias endoscópicas de base de crânio para hipófise e a terceira ventriculostomia endoscópica”, explicou.
Nesta sexta-feira, 19, a Policlínica Coronel Mota promoveu uma palestra alusiva à campanha Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre cuidados com a saúde mental.
O encontro reuniu servidores e pacientes da unidade para discutir o tema “Meu amigo ou colega está com problemas emocionais, como ajudar?”, com orientações práticas sobre acolhimento e escuta ativa.
De acordo com a gerente técnica da unidade, Liliane Junqueira, a atividade faz parte de um conjunto de ações preparadas para o mês de setembro.
“Essa palestra faz parte de um eixo temático que pensamos para os servidores e pacientes durante a campanha. Trabalhamos de forma transversal o autocuidado e o amor-próprio, para reforçar o combate ao suicídio e a forma de lidar e enfrentar nossas emoções”, destacou.
A palestra foi ministrada pela psicóloga e oficial do Corpo de Bombeiros, major Sandra Menezes, que ressaltou a importância da atenção e do apoio às pessoas em sofrimento emocional.
“Hoje nós trabalhamos a temática voltada para o que fazer diante de alguém que fala sobre o suicídio ou passa por uma situação que pode levar a esse ato. Não é apenas sobre o que dizer, mas como acolher, como escutar e como direcionar para a rede de apoio. Mesmo que você não seja da área de saúde, pode ser um amigo ou colega, o importante é não ignorar e buscar ajuda especializada”, explicou.
O enfermeiro Maurício Caldart abordou técnicas de primeiros socorros em casos de tentativa de suicídio e reforçou a necessidade de manter o debate vivo ao longo de todo o ano.
“É um tema abrangente. Todos os profissionais de saúde que têm contato com esse público deveriam participar de momentos como este, não só em setembro, mas em todas as datas”, ressaltou.
Para a auxiliar operacional de logística Julia Santos, de 25 anos, a palestra trouxe aprendizado e reflexão.
“Achei muito interessante, porque não é um tema que abordamos no dia a dia. Não se trata apenas de conversar, mas de acolher, se solidarizar com a dor do próximo e se colocar no lugar dele, o que muitas vezes falta no mundo em que vivemos”, afirmou.
As doenças cardiovasculares continuam entre as principais causas de morte no Brasil e no mundo, superando até mesmo acidentes de trânsito. Para mudar esse cenário em Roraima, a Sesau (Secretaria de Saúde) reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce das doenças do coração.
“O Setembro Vermelho vem justamente para que as pessoas façam o rastreamento da pressão e diabetes, e tenham o controle para evitar o óbito precoce para ter uma expectativa e qualidade de vida que todos querem e merecem", afirmou o coordenador da UTI Cardiológica do HGR (Hospital Geral de Roraima), Dr. Samuel Lucas Fontes.
Entre janeiro e setembro de 2025, o HGR realizou cerca de 91 cirurgias cardíacas, consolidando-se como referência no tratamento das doenças cardiovasculares no Norte do país. O coordenador da UTI Cardiológica explicou quais são os tipos de paciente mais comuns do setor.
"Recebemos pacientes que ou teve um infarto ou uma troca valvar, mas fator de risco, a maioria, hipertensão diabetes e tabagismo. Então, é preciso evitar o tabagismo, fazer um exercício físico moderado e continuado e uma alimentação saudável, equilibrada, com bastante fruta", pontuou o coordenador.
Entre as doenças mais comuns estão o infarto agudo do miocárdio, causado pela obstrução das artérias que irrigam o coração; as arritmias, quando os batimentos cardíacos ficam descompassado; as doenças valvares, que comprometem o funcionamento das válvulas do coração; e a insuficiência cardíaca, quando o coração perde força para bombear o sangue.
Os tratamentos variam entre mudanças no estilo de vida, uso de medicamentos e intervenções cirúrgicas, como revascularização do miocárdio, troca de válvula e procedimentos minimamente invasivos.
No HGR Rubens de Souza Bento, referência em atendimento cardíaco no Estado, os avanços possibilitaram a realização de procedimentos que antes só eram feitos em outros estados, garantindo acesso rápido e atendimento de qualidade para os pacientes.
"Atualmente conseguimos trazer alguns tipos de cirurgia minimamente invasivos por vídeo. Usamos alguns mecanismos também de circulação extracorpórea e até sem a circulação extracorpórea. Isso implica no tempo de recuperação pós-cirúrgico, num tempo mais curto, numa menor mortalidade, numa melhor expectativa de vida, com menos complicação possível", destacou o especialista.
AVANÇOS TECNOLÓGICOS
A equipe de cardiologia do HGR também se destaca pelos avanços tecnológicos e técnicos durante os procedimentos, atuando na correção de anomalias congênitas, como a persistência do canal arterial e a comunicação interatrial, e em técnicas menos invasivas, como as toracotomias por vídeo para criação de janela pericárdica, que reduzem o tempo de recuperação.
Além disso, a Sesau conta com uma série de serviços completos voltados para a saúde do coração, como exames de arritmia, ecocardiograma e ecoestresse e a realização de cateterismo, procedimento disponibilizado em Roraima desde 2019.
“Hoje temos uma equipe permanente de cirurgia cardíaca e realizamos cirurgias complexas aqui mesmo, sem que o paciente precise viajar para São Paulo ou Goiás. Isso representa qualidade e esperança para nossa população”, ressaltou Samuel.
Nesta quarta-feira, 17, o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, maior maternidade da Região Norte, realizou um procedimento inédito com a primeira cirurgia de neuroendoscopia ventricular em um recém-nascido.
O paciente foi o pequeno Theo Lorenzo Reis Neves, filho de Katielle Silva dos Reis, que nasceu com complicações após uma hemorragia craniana.
O caso é delicado já que, após o sangramento, há risco elevado de desenvolvimento de hidrocefalia, acúmulo de líquido no cérebro que pode comprometer o desenvolvimento neurológico da criança. Para reduzir esse risco, foi indicada a cirurgia de brainwash, feita com auxílio de um neuroendoscópio de alta qualidade, adquirido pela maternidade.
“A cirurgia consiste em uma lavagem da cavidade ventricular, que estava cheia de sangue e resíduos da degradação da hemoglobina. Isso irrita o ventrículo, causa reação inflamatória e pode evoluir para hidrocefalia. Ao lavar e limpar essa cavidade, diminuímos a quantidade de proteínas no líquor e damos uma resposta inflamatória melhor para a criança, reduzindo significativamente o risco da doença”, explicou o neurocirurgião Harison Vaz.
O especialista destacou ainda como o novo equipamento torna o procedimento mais seguro e eficaz.
“Utilizamos o neuroendoscópio para navegar dentro da cavidade ventricular, visualizar os resíduos e fazer a remoção do sangue acumulado. O objetivo é deixar o líquido o mais claro possível. Se não fosse realizada essa técnica, a alternativa seria a derivação ventricular externa, que tem eficácia, mas aumenta o risco de infecção após cinco dias, podendo evoluir para meningite. Com o brainwash, conseguimos oferecer uma solução mais moderna e segura”, afirmou Vaz.
A mãe de Theo relatou a emoção e a esperança de ver o filho passar pela cirurgia pioneira.
“A minha gestação foi bem difícil por causa da diabetes gestacional e depois veio o diagnóstico de hidrocefalia. Fiquei muito aflita e com medo, mas os médicos sempre me explicaram cada passo. O atendimento tem sido muito atencioso. Essa é a quarta cirurgia do meu bebê e, para mim, é muito importante que seja a primeira vez que esse procedimento é realizado aqui na maternidade. Eu espero que ele tenha uma vida melhor, com todo o acompanhamento e cuidado que está recebendo”, disse Katielle.