A Semana da Enfermagem iniciou nesta terça-feira, 13, com uma programação especial, a fim de atender às principais necessidades e esclarecer dúvidas que surgem no cotidiano hospitalar.
Promovida pelo Coren (Conselho Regional de Enfermagem), em parceria com a Secretaria de Saúde, o curso ocorreu simultaneamente nos principais hospitais de Boa Vista, como o Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento, Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, Hospital Universitário, Pronto Atendimento Cosme e Silva, Hospital Lotty Íris e Hospital da Criança Santo Antônio.
A ação nas unidades da capital seguirá até o dia 14, e tem como objetivo valorizar os profissionais da categoria, proporcionando capacitação, troca de experiências e atualização sobre temas essenciais para a prática diária.
"Essa parceria que o Coren tá fazendo com todas as unidades do estado é para atender as necessidades dos servidores de enfermagem em alusão ao Dia do Enfermeiro e do Técnico de Enfermagem. Estaremos tirando dúvidas e esclarecendo alguns assuntos para melhorar os cuidados voltados aos pacientes para evitar erros", explicou Joelma Rebouças, diretora de enfermagem do HGR.
Segundo Joelma, cerca de 1.700 enfermeiros e técnicos de enfermagem atuam na unidade, sendo divididos por turnos. Ressaltou ainda o papel essencial da enfermagem dentro do ambiente hospitalar.
"A nossa profissão é importante porque a enfermagem cuida. Então, nesse cuidado, nos dedicamos não só à assistência total ao paciente, como também escutamos e ajudamos na parte emocional, tanto para o paciente como para o familiar", completou.
As palestras ocorrem durante os três turnos da manhã, tarde e noite, além de rodas de conversa e atividades práticas nas tendas instaladas ao lado de fora do hospital. Segundo Érika Madeleine Carvalho, conselheira do Coren, a escolha de realizar as ações diretamente nas unidades hospitalares foi para facilitar o acesso dos profissionais aos treinamentos.
"Esse ano o Coren inovou, fazendo atividades voltadas estritamente para os profissionais de saúde. Antes fazíamos atividades nas universidades, nas salas de aula, e os profissionais não conseguiam sair do serviço para receber essa educação em saúde. Então tivemos a ideia de fazer as tendas do Coren nos principais hospitais do estado", explicou Érika.
Nos dias 15 e 16 de maio, a programação seguirá para os municípios de Amajari, São João da Baliza, São Luiz, Normandia e Caracaraí, com atividades específicas voltadas para os profissionais de enfermagem que atuam nessas regiões.
Entre os profissionais que participaram das palestras no HGR está o técnico em enfermagem, Francimar Rodrigues, que trabalha na hemovigilância do HGR, e destacou a importância da iniciativa.
"Antes tínhamos que nos dirigir a outros órgãos fora da unidade. Isso dificultava muito os colegas que estavam de plantão, ficava ausente desses cursos que o Coren oferece durante a Semana da Enfermagem. Então isso está oportunizando a nós aqui, profissionais que trabalhamos dentro das unidades, a participar desses cursos que são importantes para o conhecimento de todos nós", afirmou.
Nesta segunda-feira, 12, a Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde da Sesau (Secretaria de Saúde), iniciou a implantação do Sistema Vigilância das Micoses Endêmicas e Oportunistas. A iniciativa faz parte de um esforço para fortalecer o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento dos casos em Roraima, com acesso gratuito aos medicamentos antifúngicos necessários.
A vigilância será realizada por meio de um sistema de notificação dos casos confirmados, denominado sistema Micosis, que permitirá o monitoramento em tempo real e a solicitação de medicamentos ao Ministério da Saúde para tratamento dos pacientes.
A implantação da vigilância será nos principais hospitais do Estado, como o Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento, o Hospital Universitário e o Hospital da Criança Santo Antônio. Além desses, participaram do treinamento servidores da CGAF (Coordenadoria Geral de Assistência Farmacêutica), a Vigilância Epidemiológica Estadual e do município de Boa Vista, do SAE (Serviço de Assistência Especializada) e do Lacen-RR (Laboratório Central de Roraima).
“Vamos implantar um sistema de informação, vamos capacitar as nossas principais unidades de referência para o diagnóstico das micoses, que são o Hospital Geral de Roraima, o Hospital Universitário e o Hospital da Criança. A princípio são só essas três unidades, mas podemos descentralizar depois para as demais”, explicou a gerente do Núcleo de Controle da Tuberculose, Ângela Maria Felix.
As micoses endêmicas são doenças infecciosas causadas por fungos que habitam o solo, vegetação e material em decomposição, e estão intimamente relacionadas a fatores ambientais, como clima, umidade, solo e vegetação. A ocorrência é mais frequente em populações de áreas rurais, atividades agropecuárias, ecoturismo e comunidades em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Já as micoses oportunistas afetam principalmente pacientes imunossuprimidos, como portadores de HIV, transplantados, ou aqueles em tratamento de quimioterapia. Os sintomas variam desde lesões leves na pele até quadros graves com comprometimento sistêmico, que podem evoluir para óbito.
“Os pacientes que forem diagnosticados, inseridos no sistema, vão ter acesso aos medicamentos para essas doenças, que são muito caros. Então, na maioria das vezes que o Estado não tiver disponível, o Ministério vai disponibilizar, sem nenhum prejuízo para a saúde do paciente”, ressaltou Ângela Felix.
Para a farmacêutica bioquímica Rosemary Pena, responsável pelo diagnóstico de micoses endêmicas no Lacen-RR, a iniciativa é essencial para trazer mais visibilidade a essas doenças em Roraima.
“É importantíssimo essa reunião, porque vai ajudar a dar notoriedade para o estado dessas doenças negligenciadas, inclusive para facilitar o recebimento de medicação via Ministério da Saúde. As micoses precisam ser visualizadas. A maioria dos pacientes imunocomprometidos são os que mais são acometidos dessas doenças”, afirmou.
Em resposta ao cenário de alerta para a dengue em Roraima, a Secretaria de Saúde realizou ao longo da semana passada uma nova etapa da aplicação de fumacê UBV pesado no município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.
A ação emergencial integra o plano de controle vetorial para eliminar focos do mosquito Aedes aegypti e interromper a cadeia de transmissão da doença. Além do fumacê, a equipe municipal, em conjunto com a CGVS (Coordenação Geral de Vigilância em Saúde), está intensificando atividades de educação em saúde, visitas domiciliares e eliminação de criadouros.
"Nesse período de 28 de abril a 1º de maio, realizamos a nebulização com o carro fumacê. Além disso, houve a intensificação das visitas à domiciliares, orientação à população de educação e saúde, sensibilização da rede de assistência, unidades básicas e hospitais, para que, nesse momento, todas os trabalhadores de saúde do município estejam envolvidos na vigilância efetiva dos casos suspeitos de dengue”, afirmou a gerente do Núcleo de Controle de Febre Amarela e Dengue da Sesau, Rosângela Santos.
De acordo com o painel de monitoramento da CGVS, de janeiro a maio de 2025, Roraima registrou 825 casos suspeitos de dengue, sendo 176 considerados prováveis. A preocupação é reforçada pelo cenário climático de chuvas e calor, que favorece a proliferação do mosquito vetor e aumenta o risco de epidemias em todos os municípios.
"Devido ao cenário de alerta, o Núcleo vem intensificando todas as atividades de controle das arboviroses, e nesse momento, a de maior ocorrência está sendo a dengue, devido ao óbito em Pacaraima. Todas as atividades, obedecendo o protocolo do Ministério da Saúde, estão sendo realizadas, e o Estado vem agora complementar essa atividade, que iniciou com a eliminação de criadouros em toda a região em torno do caso e em todo o município”, acrescentou Rosângela.
COMO PREVENIR
Para prevenir novos casos, a orientação é que a população elimine depósitos de água parada em suas casas e procure atendimento médico imediato em caso de febre alta, dor abdominal intensa, vômitos persistentes ou sangramentos.
“Esperamos que, com todas essas ações, o cenário mude. O Estado segue junto ao município, realizando as atividades de acordo com as suas atribuições, fazendo as tarefas rotineiras e as atividades interessantes”, ressaltou a gerente.
RELEMBRE O CASO
Há duas semanas, Roraima confirmou o primeiro óbito por dengue do ano, envolvendo uma mulher de 48 anos, residente temporária em Pacaraima. A paciente, do sexo feminino, sem histórico de comorbidades, apresentou sintomas no dia 9 de abril, como dor de cabeça, febre e dores no corpo. Com a evolução do quadro, surgiram dores articulares intensas, dor abdominal, vômitos e diarreia.
Ela procurou atendimento médico em Pacaraima e com o agravamento dos sintomas, foi levada pela família ao HGR (Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento), onde faleceu em 15 de abril.
A partir da notificação hospitalar, o Núcleo de Controle de Febre Amarela e Dengue iniciou o protocolo de investigação, com coleta de dados clínicos e domiciliares, orientação de ações ao município e análise laboratorial. O diagnóstico foi confirmado no dia 23 de abril, com resultado reagente para sorologia IgM, realizado pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública).
FRONTEIRAS PROTEGIDAS
Paralelamente, a Sesau participou no dia 26 de abril, da Campanha de Vacinação Transfronteiriça 2025, realizada no município de Bonfim, na fronteira com a Guiana. A ação integra a 23ª Semana de Vacinação nas Américas e teve apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde da Guiana.
Durante a campanha, foram oferecidas vacinas contra HPV, COVID-19 e febre amarela para a população da faixa de fronteira, reforçando o histórico de cooperação em saúde pública entre Brasil e Guiana. A iniciativa dá continuidade às ações de bloqueio e vacinação iniciadas em 2022, incluindo o trabalho conjunto de controle vetorial e multivacinação em Bonfim e Lethem.
O Banco de Leite Humano do HMI (Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth) representou Roraima em um evento internacional realizado durante a programação da Pré-COP30, em Belém, no Pará. A unidade foi certificada por sua excelência nas ações de captação, processamento, controle de qualidade e atendimento humanizado a mães e recém-nascidos, reafirmando seu compromisso com a segurança alimentar e nutricional de bebês em situação de vulnerabilidade.
A participação ocorreu por meio da Rede Global de Bancos de Leite Humano, que reúne especialistas e representantes de diversos países para debater estratégias, desafios e soluções diante das emergências sanitárias e das mudanças climáticas, com foco na sobrevivência neonatal.
“Nós fomos certificados por atingir a excelência nas nossas ações de processamento, controle de qualidade e atendimento das nossas pacientes também. O reconhecimento se deve justamente a um trabalho da equipe do Banco de Leite Humano, onde faz esse atendimento humano acolhedor de captação, processamento, coleta e distribuição do leite humano para os prematuros da UTI neonatal”, afirmou a coordenadora do BLH, Silvia Furlin.
O evento foi promovido pela Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Ministério da Saúde e Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), com apoio da Secretaria de Saúde Pública do Pará e da Fundação Santa Casa de Misericórdia. A programação contou com a presença de representantes de mais de dez países e de todos os estados brasileiros, e teve como objetivo alinhar políticas públicas de proteção à infância com ações de enfrentamento à crise climática.
Outras certificações
Além do reconhecimento internacional na Pré-COP30, o BLH do HMI possui uma trajetória consolidada de conquistas. Com apoio do Governo de Roraima, por meio da Sesau (Secretaria de Saúde), a unidade foi contemplada por cinco anos consecutivos com o Selo de Ouro Ibero-Americano, concedido pela Rede Global de Bancos de Leite Humano a serviços que atingem excelência em todas as etapas do processo.
Para obter o selo, é necessário atender a rigorosos critérios de qualidade, como captação segura e humanizada de doadoras, processamento técnico e higiênico do leite, controle de qualidade em todas as etapas, distribuição eficaz para bebês internados — especialmente os em UTI Neonatal — e atendimento humanizado às mães e familiares.
A conquista do Selo de Ouro reflete não apenas a competência técnica da equipe, mas também seu compromisso com a saúde neonatal e a segurança alimentar dos bebês atendidos.
Sobre o BLH
O Banco de Leite Humano do HMI é referência em Roraima no apoio a mães com dificuldades na amamentação e na assistência a bebês internados na UTI Neonatal, onde o leite materno é essencial para o desenvolvimento e recuperação dos recém-nascidos.
Para se tornar doadora, a mulher deve estar em boas condições de saúde, ter excedente de leite e não fazer uso de medicamentos contraindicados para a amamentação. O cadastro das voluntárias é simples e seguro, e conta com o apoio do projeto Bombeiros Amigos do Peito, do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima, que realiza a coleta do leite nas casas das doadoras.Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (95) 98414-0772.
A maior maternidade pública do Brasil em número de partos, o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, comemora um marco importante para a saúde da mulher em Roraima: desde novembro de 2024, não houve registro de morte materna na unidade.
A mortalidade materna é definida como o óbito de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o parto, aborto ou nascimento, por causas relacionadas ou agravadas pela gravidez. A redução desse índice é uma meta prioritária da Secretaria de Saúde.
Entre maio de 2015 e outubro de 2024, o HMI registrou 125 óbitos maternos. Entre as causas mais recorrentes nos últimos anos estão eclâmpsia, septicemia, infecções puerperais, hemorragias, insuficiência renal aguda e choque hipovolêmico.
Muitas pacientes apresentavam quadros agravados por ausência de pré-natal, doenças crônicas não controladas e complicações pós-parto, como retenção placentária e distúrbios de coagulação. Esses fatores reforçam a importância do acompanhamento pré-natal e da estrutura hospitalar pronta para atuação imediata em casos graves.
Durante a pandemia de Covid-19, o número de mortes aumentou consideravelmente. Contudo, nos últimos anos, os dados vêm caindo, sendo 19 óbitos em 2022, 14 em 2023 e 13 em 2024, o que evidencia os avanços alcançados na assistência obstétrica e intensificação da vigilância sobre gestantes de risco.
O diretor-geral, enfermeiro obstetra Manuel Roque, destaca que a redução da mortalidade materna é fruto de uma atuação conjunta entre atenção especializada, protocolos assistenciais, comunicação entre setores e vigilância ativa de casos graves, com acompanhamento próximo de cada gestante de risco.
“Com um esforço conjunto, mudando fluxos, estabelecendo outros podemos comemorar hoje essa conquista. Nossa maternidade tem um time de excelentes profissionais, que engajados, estamos fazendo a diferença nos indicadores”, reforçou.
Estrutura faz diferença
A Maternidade passou por uma grande reforma concluída em setembro de 2024, com 294 leitos de enfermaria, 68 leitos de UTIN (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal) e seis de UTI Materna, além de blocos organizados conforme a situação clínica das pacientes, como o Bloco Orquídeas, voltado para gestantes em trabalho de parto, e o Bloco Girassóis, que recebe casos de alto risco.
A unidade também oferece suporte completo com exames de imagem e laboratoriais, Banco de Leite Humano com certificação nacional, Casa da Gestante com estrutura adequada para mães que precisam acompanhar o bebê na UTI neonatal, atendimento de odontologia, psicologia, serviço social, vacinação e os testes de triagem neonatal (pezinho, olhinho, coraçãozinho e orelhinha), entre outros serviços.
Além disso, o HMI integra ações importantes como o Projeto Colo de Mãe, o Qualineo, a Unidade de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, e protocolos de segurança do paciente, com envolvimento direto de profissionais capacitados e com atuação humanizada. É também Hospital Amigo da Criança, um selo concedido pelo Ministério da Saúde às unidades referências do país.