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Por muitos anos, moradores e viajantes de alguns municípios de Roraima ficaram impedidos de doar sangue devido ao alto risco de transmissão da malária nessas regiões. Hoje, graças ao trabalho conjunto do Núcleo Estadual de Controle da Malária e das secretarias municipais de saúde, houve uma redução significativa dos casos, permitindo que mais cidades retornassem ao mapa da doação segura.

Dos 15 municípios de Roraima, 11 estão aptos à doação. Apenas Amajari, Alto Alegre, Mucajaí e Iracema permanecem inaptos, pois parte de seus territórios abrange a Terra Indígena Yanomami, onde a doença ainda apresenta alta incidência.

Segundo a enfermeira do Hemoraima (Centro de Hemoterapia e Hematologia de Roraima), Liliana Bezerra, esse controle epidemiológico é essencial para garantir a segurança das bolsas de sangue coletadas.

“Esse dado é muito importante para nós aqui no Hemocentro, porque ele nos ajuda a fazer uma triagem a mais com esses municípios, com essas pessoas que se deslocam a áreas de risco. Mesmo que as bolsas passem por criteriosas análises e exames, esse é um cuidado adicional para que a doação seja o mais livre possível de riscos para quem vai receber”, afirmou.

Ela reforça ainda a importância da sinceridade dos doadores durante a triagem, lembrando que esse é um dos passos mais importantes para garantir a segurança das transfusões. “É muito importante que as pessoas sejam reais, que informem de fato se houve ou não deslocamento para áreas de risco, para que a bolsa seja a mais próxima possível de livre de danos para a pessoa que vai receber.”

De acordo com o gerente do Núcleo de Malária, Gerson Castro, o critério segue determinação do Ministério da Saúde e está baseado no Índice Parasitário Anual [IPA], que mede a incidência da doença.

“O parasita da malária pode ser transmitido por transfusão. Por isso, quem teve malária nos últimos 12 meses, esteve em área de alto risco ou apresentou febre recente pode ser considerado inapto”, explicou Gerson.

SITUAÇÃO DA MALÁRIA EM RORAIMA

O trabalho integrado entre o Estado, os municípios e os DSEIs (Distritos Sanitários Especiais Indígenas) têm garantido resultados significativos no combate à malária em Roraima. Entre janeiro e junho de 2025, o Estado registrou 10.234 casos da doença, contra 17.808 no mesmo período de 2024, uma redução de 43%.

Na Terra Indígena Yanomami, que concentra a maior parte das notificações, os números caíram de 14.026 para 9.031 casos. No DSEI Leste, a queda foi de 923 para 439 registros. Já em áreas não indígenas, a redução foi ainda mais expressiva, indo de 2.859 para 764 casos.

“Nós já conseguimos reduzir em mais de 40% os casos no estado em relação ao ano passado. Esse é um trabalho feito com critério epidemiológico, em parceria com municípios e DSEIs, levando teste rápido, microscopia, inseticida e medicamentos para as áreas mais críticas”, explicou.

Um dos avanços mais recentes é a introdução da tafenoquina, medicamento de dose única que garante a cura radical da malária causada por Plasmodium vivax, responsável por mais de 70% dos casos no Estado.

“Essa é uma grande conquista, porque a tafenoquina evita recaídas. Hoje já temos o tratamento para adultos e, a partir de janeiro de 2026, vamos contar também com a formulação pediátrica, o que vai facilitar ainda mais o trabalho nas áreas indígenas, onde grande parte dos casos ocorre em crianças”, ressaltou Gerson.

Entre as ações estão a distribuição de mosquiteiros impregnados, uso de inseticidas, oferta de testes rápidos e diagnóstico precoce, além da garantia de tratamento imediato. “Nosso carro-chefe é diagnosticar e tratar rapidamente. E com a tafenoquina, conseguimos oferecer cura radical para a malária vivax, evitando recaídas e melhorando a qualidade de vida da população”, acrescentou Gerson Castro.

SECOM RORAIMA

JORNALISTA: Suyanne Sá

FOTOGRAFIA: Ascom/Sesau